terça-feira, 25 de março de 2008

Prosseguindo com as "Cabeças" - 1990/91

Seguem outras pinturas deste momento, só que modificadas em suas cores alguns anos depois, para ficarem mais vivas. Estas Cabeças, que lembram mais as máscaras africanas, também foram pintadas com óleo e pasta de cera.

Cabeça Ancestral I - óleo e pasta de cera s/ mansonite, 61 X 91 cm - 1991/98.


Cabeça Ancestral II - óleo e pasta de cera s/mansonite, 61 X 91 cm - 1991/98.


Cabeça Ancestral III - óleo e pasta de cera s/mansonite, 61 X 91 cm - 1991/98.


Cabeça Ancestral IV - óleo e pasta de cera s/mansonite, 61 X 91 cm -1991/98.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Cabeças e Totens - início dos 90 - Parte I

A partir das idéias plásticas desenvolvidas na série "Pseudoprimitivos" e de algumas outras anteriores, iniciei os anos 90 na pintura com muito entusiasmo pela pesquisa de uma figuração que tivesse forte impacto e que estivesse ligada àquele "primitivismo ancestral" que tanto me interessa até hoje. Também foi o momento de começar a aumentar os formatos dos meus trabalhos, onde eu pudesse me "espalhar mais", especialmente para utilizar melhor a "falsa encáustica", que hoje prefiro chamar de pasta de cera.


Esta técnica é muito interessante, pois permite que se consiga efeitos muito próximos aos da encáustica com menos trabalho. Além disso, pode ser combinada com a pintura a óleo, inclusive barateando os custos desta quando se quer alcançar muito empastamento. Ainda hoje esta é a minha técnica de pintura preferida.


Desta forma, lá por 1990 inciei a pintura de um conjunto de "cabeças" enormes e de figuras alongadas, que chamei de "totens". Nelas prevalece o expressionismo, com o qual botei, mais uma vez, "os bichos para fora", não de maneira tão colorida quanto na série das "Folias Pernambucanas" (de 1986 - ver postagem), mas igualmente de forma contudente. Como me interessava uma associação com temas relacionados a nossa ancestralidade, que era bem mais ligada à terra, minhas cores tornaram-se mais escuras, terrosas, telúricas, e as texturas mais arenosas.


Os trabalhos eram iniciados de forma direta, sem planejamento; os tons terrosos, bem empastados, aplicados com trinchas largas ou espátulas grandes. O desenho vinha a seguir, em linhas grossas e pastosas ou esgrafitado com o cabo do pincel. Muitas vezes a pintura, por não ficar como eu queria, era totalmente desmanchada e, sobre seus restos, uma nova tentativa era realizada até que o que eu buscava surgisse sobre o suporte. Aprendi muito com este procedimento, que de certa maneira já vinha usando na minha xilogravura, principalmente sobre o quanto a intuição tem importância na criação artística. Por conta disso, sempre deixo um grande espaço para ela atuar, especialmente na hora de iniciar algum trabalho.


A seguir, uma seleção das "Cabeças".


"Homem Marrom" - óleo e pasta de cera s/mansonite, 120 X 90 cm, 1991.


"Edmunda" -óleo e pasta de cera s/mansonite, 120 X 100 cm, 1991.




"A Mãe" -óleo e pasta de cera s/mansonite, 90 X 61 cm, 1991.


"Zé" - óleo e pasta de cera s/mansonite, 120 X 90 cm, 1991.

"João"- óleo e pasta de ceras/mansonite, 120 X 90 cm. 1991.


"Hércules e a Hidra" - óleo e pasta de cera s/mansonite, 90 X 61 cm, 1991.



"Menino" - óleo e pasta de cera s/mansonite, 90 X 61 cm, 1991.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Após A Euforia... Os "Pseudoprimitivos"

Depois da série "Fantasias Pernambucanas", de 1986, entrei num momento um pouco mais introspectivo. Por esta ocasião já havia concluído todas as disciplinas principais do ciclo profissional do meu curso de Pintura na EBA, faltando apenas concluir algumas complementares, "chatas", que haviam ficado para depois.

Como precisava ganhar meu dinheiro, principalmente por que saíra da casa dos meus pais e estava dividindo um "ap" com a Bete (para onde carregara todo meu material de trabalho, juntamente com quase toda a produção de pinturas feitas na EBA, além das matrizes de xilogravura), consegui um estágio remunerado no Museu da República, no Laboratório de Restauração. Depois de um ano de trabalho neste estágio, fui contratado para trabalhar numa equipe de restauradores que estava restaurando duas salas importantes do Museu Nacional, que fica na Quinta da Boa Vista (RJ). Foram períodos de grande aprendizado e de trabalho árduo. De lá para cá tenho executado, de vez em quando, outros trabalhos de restauração em equipe ou sozinho (muitos com a direção da Bete, que se tornou restauradora em tempo integral, além de minha esposa) mas isto é outra história...

Voltando à pintura: nos intervalos em que não estava trabalhando em restauração, continuava o meu principal mister - criar pinturas e xilos (nesta época, frequentando muito pouco a EBA, não mais trabalhava na oficina de cerâmica). São desta fase os trabalhos que vêm a seguir, que reuni numa série que estou chamando de "Peseudoprimitivos". Como vocês perceberão, estas pinturas tem muita relação com a arte dita "primitiva" ou "ingênua", também com as figurações rupestres e étnicas, além de possuirem elementos dos desenhos infantis. Contudo, não são logicamente nada disso, porque sendo eu um artista que, já àquela altura, possuia conhecimentos acadêmicos sobre arte, ourindos de um curso superior e de muitas outras fontes, não poderia ser verdadeiramente primitivo (daí o prefixo "pseudo"). Desta forma apenas estava me apropriando de características destas artes mencionadas para reelabora-las de uma maneira que fosse pessoal e, se possível, universal.

Inspiráva-me em muitos outros artistas que antes de mim já haviam trabalhado neste sentido (eu mesmo já o fizera na EBA - ver série "Bestiário", por exemplo, nas postagens sobre os anos de 84/85) como Picasso, Klee, Dubeffet (e sua "Art Brut") entre outros. Portanto, sabia que não estava sendo original (e o que é original hoje em dia?), mas o que me interessava mesmo nestas artes "ancestrais", era reencontrar o sentido primeiro de se fazer arte (quando nem sequer existia este conceito, que é uma invenção do Renascimento), que tinha um sentido de "magia" naqueles primeiros dias do homem ainda primitivo, quando havia um contato mais íntimo entre ele e a Natureza. A força de tal arte emana, então, da expressão simples e direta deste contato com as forças telúricas e do seu temor e respeito em relação a elas, visível na arte rupestre que recobre o interior de inúmeras cavernas do mundo todo (e também paredões externos), nas decorações policrômicas dos primeiros vasos primitivos, nas esculturas singelíssimas das deusas da fertilidade etc.

Para conseguir tal contato, mergulhei cada vez mais fundo no meu "mar interior", buscando tirar dali elementos que tivessem esta força ancestral e que estão guardados lá no dentro de nossas almas. O resultado está nos exemplos postados abaixo (pertencentes a um conjunto muito maior de trabalhos), que possuem muitas das características, tanto plásticas quanto semânticas, que cultivo até hoje em minha arte.




"Pseudoprimitivo" 50 - óleo s/tela, peq. formato, 1988.


"Pseudoprimitivo" 38 - óleo s/mansonite, médio formato, 1988.


"Pseudoprimitivo" 52 - óleo e pasta de cera s/mansonite, médio formato, 1989/90.

"Pseudoprimitivo" 37 - óleo e p. de cera s/mansonite, peq. formato,1989.


"Pseudoprimitivo"XIX -óleo e p. de cera s/mansonite, 1990.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

"Fantasias Pernambucanas" - Continuação

Agora vou postar outros trabalhos que pertencem a série "Fantasias Pernambucanas", contudo não têm como foco o mesmo clima quase folclórico das pinturas anteriores. Estas aqui, em alguns casos, quase beiram a abstração, em outros momentos são muito eróticas, quase explícitas. Aquele era um tempo de "botar os bichos para fora" e o fiz sem pudor.



"Os Circuntantes" - óleo s/mansonite, 95 x 63 cm, 1986. O que mais gosto nesta pintura é a forma como as figuras se integram com o fundo e com os elementos abstratos. Isto faz com os aspectos semânticos e plásticos dialoguem muto bem. Cores e texturas são outros pontos fortes dentro do conjunto.

"A Orgia" - óleo s/ mansonite, 85 x 60 cm, 1986. Esta pintura têm características da anterior quanto ao jogo figuração X abstração, contudo é bem mais sarcástica do que aquela.

"Os Mundanos" - óleo s/mansonite, 61 x 91 cm, 1986. Isto é uma luta colorida de monstros abismais. O que significa? Não sei - coisas do subconsciente.

"O Surubim das Três Graças" - óleo s/mansonite, 61 x 91 cm, 1986. Esta possivelmente é a versão do tema mitológico "As Três Graças" mais extravagante que já foi pintado.

"Os Licenciosos"- óleo s/mansonite, 61 x 91 cm, 1986. Outro grupo extravagante em ação.


"As Tentações de Um Pintor Santo"- óleo s/mansonite, 91 x 61, 1986. Para nos tornarmos santos precisamos conhecer o pecado e comete-los. Para ser um pintor "santo" o artista tem que também "pecar". É um auto-retrato.


"O Passarinho"- óleo s/mansonite, 91 x 61 cm, 1986. Este quadro era inicialmente uma pintura abstrata. Não estava bom, por isso mudei sua posição e continuei o trabalho. Surgiu daí este exótico "passarinho meio-lá-meio-cá". Outro fruto do "abismo profundo" que é subconsciente.

De Volta à Pintura - Fantasias Pernambucanas

Retornando às pinturas, vou falar de uma série de trabalhos realizados em 1986. Nesta ocasião fiz uma viagem à Recife, onde nasci, para participar de um seminário sobre restauração de obras de arte. Lá pude conhecer Olinda e seus muitos aspectos culturais, especialmente pude assistir a alguns eventos folclóricos bastante animados e coloridos, trazendo deles uma viva recordação e me sentindo como alguém que redescobre suas raízes.

A partir desta experiência, pintei o que agora estou chamando de "Fantasias Pernambucanas", unindo um pouco do que vi lá em Olinda e Recife com o que já vinha fazendo, especialmente em termos de xilogravuras. Talvez por isso estes trábalhos sejam tão gráficos e tenham uma forte dose de erotismo. Por outro lado são extremamente coloridos (alguns até com certo exagero - coisas da juventude) e testemunham meu grande interesse pela vida, extravasando vitalidade e euforia a cada pincelada.



"Uma Noite Em Olinda" - óleo s/ mansonite, 61 X 91 cm, 1996. Considero este um dos melhores representantews desta fase. É alegre, cheio de movimento, muito colorido e, como os demais, muito gráfico, diretamente derivado das xilos que eu fazia nesta época (85/6).

"Carnaval em Recife" - óleo s/ mansonite, 61 X 91 cm, 1986. Mais uma festa animada, onde usei a pintura como veículo para exprtessar a fantasia e a alegria de viver.

"Cena Pernambucana"- óleo s/mansonite, 61 x91 cm, 1986. Este é um pouco mais enigmático.

"Fauna Tropical"- óleo s/ mansonite, 61 x 91 cm, 1986. Esta pintura bizarra tem um clima de verão intenso, chega a dar impressão de emanar luz. Isso se deve a forte presença de amarelos e laranjas, especialmente no fundo.


"Oh, Meu Surubim!"- óleo s/ mansonite, 61 x 91 cm, 1986. Outra pintura bastante curiosa e enigmática. Plasticamente ela tem como ponto forte a composição e a relaçãoe de cores quentes ao redor do peixe, que nos chama para a variedade do colorido de suas escamas. E a figura que segura o peixe, tem quatro pernas ou são duas figuras com uma só cabeça? (ou nada disso?)

"O Cangaceiro da Biruta e Seu Filho Pitoca" - óleo s/mansonite, 61 x 91 cm, 1986. Este é um tanto o quanto ilustrativo demais. Toda via sua igenuidade te, para mim, um atrativo especial.

"A Musa das Américas" - óleo s/mansonite, 61 x 91 cm, 1986. De quais Americas bizarras esta figura extravagante é musa?

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Xilogravura VII

25 -"Auto-retrato" II - xilogravura p 2007.

26 -"Auto-retrato" III - xilogravura - 2007.

27 -"Auto-retrato I - xilogravura - 2007.

28 - "Retrato de Mariana" - xilogravura - 2007.

29 -"Retrato de Daniel" - xilogravura -2007


Concuindo esta breve abordagem da minha xilogravura, seguem alguns retratos que fiz recentemente, em maio /junho deste ano, para um evento ocorrido em Niterói (RJ) de arquitetura e decoração, para o qual fui convidado a participar, fornecendo criações artísticas. São retratos de 3 arquitetos (um deles é o de Lúcio Costa) mais o meu autoretrato. Infelizmente o retrato de Lúcio Costa não pode ser exposto no ambiente criado, que era um restaurante cujo design homenageava a arquitetura do século XX (a Arquitetura Moderna), por falta de permissão pelo curador do referido arquiteto homenageado (e por este motivo não o postarei aqui). Os outros dois arquitetos são os criadores do ambiente, Mariana e Daniel.

Por coincidência, antes de receber o convite para fazer estes retratos, eu estava trabalhando nuns "retratos" e "cabeças" xilográficos para uma exposição que acabou não ocorrendo. Este trabalhos são completamente diferentes dos postados agora, pois não retratam ninguém especificamente, alguns tendo como fonte de inspiração as máscaras africanas. Quando eles estiverem acabados, também vou posta-los (tive que interromper sua criação para atender a outros trabalhos profissionais).

Com esta postagem dei uma amostra da minha xilo. No futuro retornarei ao tema com outras xilos e algumas litografias que produzi também na EBA.

Xilogravura VI

20 - "Usina de Arte" - xilogravura - 1999/2000.

21 - "natureza Morta com Peixe, Estrela e Chuva Cósmica" - xilogravura - 1999/2000.

22 -"Um Instante Antes do Êxtase" - xilogravura - 1999/2000.

23 -"Ventos de Verão em Saturno" - xilogravura - 1999/2000.

24 -"Beijo Cósmico" - xilogravura - 1999/2000.


Em 1999 iniciei uma nova fase abstrata em minha pintura ( a terceira depois daqueles trabalhos abstratos já postados aqui no blog). Esta fase acabou, como outras anteriores, tendo também desdobramentos na xilogravura. A sequência postada dará uma mostra destes trabalhos que, apesar de abstratos, tinham como ponto de partida minhas antigas "fantasias espaciais". Contudo, o aspecto plástico aqui sobressai sobre o aspecto temático.

Xilogravuras V

16 -"Sun Bay"- xilogravura, 1989.

17 -"Hoje o Mar não Está Para Se Pegar Jacaré" - xilogravura, 1989.

18 -"Entardecer na Praia" - xilogravura - 1989.

19 - "O Intrépido" - xilogravura - 1989.



Seguindo em frente com o tema da xilogravura, aqui estão mais alguns trabalhos dos muitos que possuo nesta técnica, desta vez produzidos no final dos anos 80.

Estas xilos têm como tema paisagens relacionadas com o mar (marinhas). A primeira delas foi criada a partir de uma encomenda específica que me foi feita por um francês, através de uma marchand com que eu trabalhava nesta época. Ele queria algo relativo ao mar, mas o curioso foi que o título original dado a esta primeira gravura da série ("Sun Bay") desagradou-o muito, porque lhe parecia "esta mania que temos aqui no Brasil" de dar nomes em inglês para tudo. Eu também não gosto disso mas, no caso em questão, dei este título principalmente por acha-lo muito sonoro. Todavia, para não desagradar o cliente, apaguei o título em inglês gravado na matriz e o traduzi para português. Depois me arrependi (eu sou o dono da minha obra e dou os títulos que achar que devo dar!) e voltei atrás, mantendo o título original.

As demais gravuras (como a primeira) me serviram como ótimos exercícios para estudar os efeitos de luz e sombra através da técnica da xilogravura, onde a luz pode ter características realistas ou ser puro elemento plástico, abstrato, jogando em intensidades variadas com o preto (sombra/negro). Todos os personagens e situações foram gravados tendo como fonte desenhos que fiz em passeios à praia com minha esposa e filha. Comparadas com as gravuras anteriores (Xilogravuras III), estas têm um aspecto muito mais tranquilo, não apresentando o amargor angustiado daquelas.

domingo, 30 de dezembro de 2007

Xilogravuras IV

14 - "Minha Mulher Pós-Neo-Cubo Expressionista" - xilogravura, 1992. Neste trabalho faço uma brincadeira com a mistura de estilos díspares (esta mistura eu já fazia antes disso, aos 15/16 anos, mas sem este sentido de ironia, presente nesta gravura).

15 - "Auto-retrato com Máscara" - xilogravura, 1992. Nesta xilo, abordo o tema das máscaras de origem africana, um assunto que começava a me interessar mais nesta ocasião e que me interessa até hoje, sendo muito utilizado tanto em minhas pinturas quanto em minhas cerâmicas. Nesta versão, o aspecto irônico é o mais visível.


Continuando ainda dentro da xilogravura, prossigo este resumo do que fiz nesta técnica com a postagem de duas xilos do início dos anos 90, época em que vinha me dedicando mais a fazer cerâmica e pintura. Estas gravuras são dois exemplos de "cabeça" e "máscara" que eu viria a desenvolver muito através, principalmente, da pintura.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Xilogravuras III

10- "O melhor Amigo do Artista Contemporâneo" - xilo - 1987. O ponto de partida para esta curiosa gravura foi a foto de "Atlas", um dos vários cachorros criados por minha família. Aqui ele pode ser visto em sua versão surrealista, com escamas e rabo de peixe.

11 - "A mensagem da Arte Contemporânea" - xilogravura - 1987. Em um corpo de estátua feminina grega, acoplei uma cabeça africana com cauda de peixe e um par de tênis. O ovo voador nos traz a misteriosa mensagem...

12 - "O Êxtase do Artista Contemporâneo"- xilogravura - 1987. Uma escultura inacabada de Michelangelo serviu de ponto de partida para esta figura retorcida. A figura é estática mas a sua musculatura sob tensão parece se mover. Considero como pontos altos deste trabalho a expressão de angústia da figura e o clima de sarcasmo que emana do conjunto.

13 - "A Fonte da Arte Contemporânea"- xilogravura - 1987. Esta xilo também traz o mesmo tipo de sentimento das outras - angústia, tensão e perplexidade.


Dando prosseguimento a este tema, minhas xilogravuras, seguem trabalhos de 1987. Nestes trabalhos mudei meu processo criativo, passando a fazer minhas gravuras a partir de desenhos prévios. Contudo, a fantasia continuou solta, mudando apenas o aspecto plástico das imagens que se tornaram mais estáticas e com composições mais organizadas. Além disso, passei a trabalhar um pouco mais o claro-escuro, embora de forma muito estilizada, com sombras tão recortadas que quase se tornam formas independentes com consequente vida própria.

Tematicamente estas xilos têm um carácter crítico, pois na ocasião já começava a perceber que os meios tradicionais de arte, com os quais trabalho até hoje, já não interessavam às galerias, salões de arte e curadores de um modo geral. Neste momento passei a ter uma certa impressão de isolamento, o que me deprimia um pouco. Minha resposta e válvula de escape foram estas gravuras, um tanto cáusticas, das quais gosto sobremaneira.