terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Cabeças e Totens - início dos 90 - Parte I

A partir das idéias plásticas desenvolvidas na série "Pseudoprimitivos" e de algumas outras anteriores, iniciei os anos 90 na pintura com muito entusiasmo pela pesquisa de uma figuração que tivesse forte impacto e que estivesse ligada àquele "primitivismo ancestral" que tanto me interessa até hoje. Também foi o momento de começar a aumentar os formatos dos meus trabalhos, onde eu pudesse me "espalhar mais", especialmente para utilizar melhor a "falsa encáustica", que hoje prefiro chamar de pasta de cera.


Esta técnica é muito interessante, pois permite que se consiga efeitos muito próximos aos da encáustica com menos trabalho. Além disso, pode ser combinada com a pintura a óleo, inclusive barateando os custos desta quando se quer alcançar muito empastamento. Ainda hoje esta é a minha técnica de pintura preferida.


Desta forma, lá por 1990 inciei a pintura de um conjunto de "cabeças" enormes e de figuras alongadas, que chamei de "totens". Nelas prevalece o expressionismo, com o qual botei, mais uma vez, "os bichos para fora", não de maneira tão colorida quanto na série das "Folias Pernambucanas" (de 1986 - ver postagem), mas igualmente de forma contudente. Como me interessava uma associação com temas relacionados a nossa ancestralidade, que era bem mais ligada à terra, minhas cores tornaram-se mais escuras, terrosas, telúricas, e as texturas mais arenosas.


Os trabalhos eram iniciados de forma direta, sem planejamento; os tons terrosos, bem empastados, aplicados com trinchas largas ou espátulas grandes. O desenho vinha a seguir, em linhas grossas e pastosas ou esgrafitado com o cabo do pincel. Muitas vezes a pintura, por não ficar como eu queria, era totalmente desmanchada e, sobre seus restos, uma nova tentativa era realizada até que o que eu buscava surgisse sobre o suporte. Aprendi muito com este procedimento, que de certa maneira já vinha usando na minha xilogravura, principalmente sobre o quanto a intuição tem importância na criação artística. Por conta disso, sempre deixo um grande espaço para ela atuar, especialmente na hora de iniciar algum trabalho.


A seguir, uma seleção das "Cabeças".


"Homem Marrom" - óleo e pasta de cera s/mansonite, 120 X 90 cm, 1991.


"Edmunda" -óleo e pasta de cera s/mansonite, 120 X 100 cm, 1991.




"A Mãe" -óleo e pasta de cera s/mansonite, 90 X 61 cm, 1991.


"Zé" - óleo e pasta de cera s/mansonite, 120 X 90 cm, 1991.

"João"- óleo e pasta de ceras/mansonite, 120 X 90 cm. 1991.


"Hércules e a Hidra" - óleo e pasta de cera s/mansonite, 90 X 61 cm, 1991.



"Menino" - óleo e pasta de cera s/mansonite, 90 X 61 cm, 1991.

Um comentário:

Ricardo A. B. Pereira disse...

Caríssimo Ricardo.
Prarabéns pelo ótimo trabalho que você vem desenvolvendo a longo de sua carreira.
Fico feliz em ver os excelentes resultados que você obtém nas diversas modalidades que você executa.
Quero destacar, além da sua pintura, seu trabalho na cerâmica, os quais mostram belos resultados, bem como arrojados.
Mais uma vez, parabéns.
Grande abraço para você e para Bete.
Carlos Eduardo Meiga Rodrigues


Obrigado, Carlos.

Um grande abraço para você esua esposa também.