quinta-feira, 31 de julho de 2008

UNIVERSO ABSTRATO - "Caminhos de Minhoca" - 1998

UNIVERSO ABSTRATO – “Caminhos de Minhoca” - 98.

Retomando o fio da meada, seguem agora as imagens das pinturas abstratas da série “Caminhos de Minhoca”, realizada logo após “Os Sonhos Tropicais”. Como expliquei anteriormente, o final da década de 90 foi complicado para mim e isto se refletiu na minha pintura, pois através dela pude “escapar” dos problemas para um mundo muito distante e abstrato. De certa forma era um retorno as minhas fantasias espaciais do final dos anos 70 e início dos 80 (cujo teor também era muito abstrato), mas num contexto bem mais complexo.

Por esta ocasião eu já havia lido várias coisas sobre astronomia e astrofísica (além de muita FC) e sempre me chamou a atenção a questão dos “buracos negros”, aqueles colapsos de estrelas gigantes no centro das galáxias que depois de virarem “buracos” sugam tudo, até a luz, através de sua imensa força gravitacional. E uma das coisas que sempre me chamou a atenção nestas “criaturas” bizarras é a possibilidade de que sejam portais através do universo, ligando instantaneamente pontos distantes entre si por milhões de anos-luz, podendo, inclusive, ligar universos diferentes. Estes portais estariam ligados uns aos outros através de uma rede de “buracos de minhoca” (apelido dado pelos cientistas) por onde um hipotético viajante poderia ir de uma galáxia a outra ou a outro universo num “piscar d’olhos”.

Pois bem, foi através destes fantásticos buracos que mergulhei, e o mais curioso é que tudo começou de forma não premeditada, pois primeiro foram surgindo as pinturas e depois a associação de idéias que me levou a chamá-las de “buracos de minhoca”. Contudo, apesar de serem uma “viajem para tão longe”, estas pinturas tem como base inicial, do ponto de vista da técnica e do estilo, os quadros anteriores. Como aquelas outras, estas são extremamente gráficas e coloridas, além de também terem sido feitas com pasta de cera e óleo. Outra semelhança fica por conta da composição, também neste caso muito movimentada (ou até ainda mais em alguns momentos). Enfim, trata-se da continuação de um estilo, mas a favor de um outro tema, bem mais abstrato que, todavia, matem uma linha de continuidade em meu trabalho.

Vamos então à série “Buracos de Minhoca” (Detalhe: estas pinturas nunca forma expostas em galeria de arte real ou virtual):

1-"Caminhos de Minhoca" - óleo e pasta de cera s/mansonite - médio formato - 98.

2-"O Viajante" - óleo e pasta de cera s/mansonite - médio formato - 98.

3-"Tempestade Estelar"- óleo e pasta de cera s/mansonite - médio formato - 98.

4-"Rosca Tempo-Espacial" - óleo e pasta de cera s/mansonite - médio formato - 98.

5-"Vulcão Sideral"- óleo e pasta de cera s/mansonite - médio formato - 98.
6-"A Corneta de Deus"- óleo e pasta de cera s/mansonite - médio formato - 98.

7-"Espirais"- óleo e pasta de cera s/mansonite - médio formato - 98.
8-"Toro-Portal" - óleo e pasta de cera s/mansonite - médio formato - 98.
10-"Margarida Sideral"-óleo e pasta de cera s/mansonite - médio formato - 98.
11-"Cruzamentos"- óleo e pasta de cera s/mansonite - médio formato - 98.
Estas pinturas são pura fantasia, contudo em sua abstração tratam de uma possibilidade aventada seriamente por alguns cientistas - a viajem em velocidades maiores do que a luz.
Mas para além disto estas pinturas valem pelo que são como arte: intensamente vivas, alegres e coloridas porque o Universo é cheio de cores.

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Universo Abstrato - pinturas abstratas de 1984

UNIVERSO ABSTRATO

I -pinturas abstratas dos anos 80

Após o concurso da EBA, em 1997, depois da frustração e de todo o stress experimentado, passei por uma temporada meio “no ar”, tentando digerir o fato de que não conseguira a vaga de professor tão almejada, não sendo aprovado em 1º lugar por uma diferença de pontuação tão pequena. Desta forma, tudo isto tinha que se refletir na minha produção, pois tudo que acontece em minha vida tem reflexo em meu trabalho, especialmente na minha pintura. De repente não estava mais com interesse em pintar aquelas cenas lúdicas dos “Sonhos Tropicais”, mas principalmente comecei a perder o interesse pela figuração. Então, como existe um procedimento abstrato subjacente em grande parte da minha pintura, não foi difícil deixar que esta base viesse à tona e suplantasse tudo o mais.

Existe um consenso em que a arte abstrata está mais presente justamente naquelas culturas que vivem maiores dificuldades para ganhar seu sustento, onde as condições ambientais são mais inóspitas ou quando surge algum tipo de desastre, o que levaria os membros desta cultura a buscar dentro de si e não no mundo exterior uma maneira mais adequada para expressar seus sentimentos em relação à vida. A credito que isto também ocorra com os indivíduos isolados. Aqueles que se expressam através da arte tendem mais à abstração quando o mundo exterior lhes é mais hostil, empurrando-os para a introspecção (e como o artista é aquele que dá expressão à cultura de um povo, naturalmente ele reflete de uma maneira particular o que está acontecendo no contexto geral). Pois eu estava num destes momentos difíceis da minha vida: frustrado em meu sonho, passando por dificuldades financeiras, com uma filha pequena para criar, enfim, no “sufoco” em que vive a maioria dos brasileiros. Contudo, como a maioria dos brasileiros, sou um sujeito otimista e graças a isto consegui superar mais uma fase difícil e expressá-la como melhor sei fazer, através da minha pintura – que então se tornou abstrata.

Mas antes de ilustrar este momento com os trabalhos da época (1998/99), antes é necessário dizer que este não foi o meu primeiro momento plenamente abstrato, outros já haviam acontecido (e já mostrei três exemplos aqui, quando falei do meu curso de pintura na EBA) Então, só para não deixar de lado estes momentos, que embora tenham sido curtos foram muito importantes no meu desenvolvimento, vou recuar um pouco no tempo e mostrar algumas destas obras abstratas mais antigas, pintadas em 84 e 85 (existe outro grupo, de 85/86 que serão mostradas mais adiante, aqui mesmo nesta postagem).



1-"Manchas orgânicas" - óleo s/tela - pequeno formato - 198


2- "Alvo" - óleo s/tela - médio formato - 1984.


3 - "Alvo II" - óleo s/tela - médio formato - 1984.


4- "Autoretrato" - óleo s/tela - médio formato -1984.


5- "Pedaços de uma Paixão" - guache e óleo s/tela - médio formato - 1984.


6 -"Pedaços de Uma Paixão II" -guache e óleo s/tela - pequeno formato - 1984.


7- "Pedaços de Uma Paixão III" - guache e óleo s/tela - 1984.


8- "Abstrato Azul" - óleo s/ compensado - médio formato - 1985.


9- "Abstrato" - óleo s/compensado - médio formato - 1985.


10- "Abstrato Amarelo" - óleo s/compensado - pequeno formato - 1985.

Costuma-se agrupar as pinturas abstratas em dois tipos. O primeiro seria aquele mais "orgânico", ligado à expressão de estados interiores do ser e por isso mesmo relacionado ao Expressionismo. O segundo tipo diz respeito a uma abstração mais racionalizada, não tanto intuitiva (embora a intuição nunca deixe de estar presente na criação de obras de arte) e geralmente geometrizada, fria e não muito colorida. No decorrer do século passado, os dois tipos andaram se misturando e esta divisões já não são muito claras em muitas das obras abstratas contemporâneas. Todavia, no meu caso, a minha pintura abstrata é claramente do primeiro tipo, relacionada ao emocional, ao quase totalmente intuitivo e ao Expressionismo.

Isto salta aos olhos, a começar pelas cores dos meus trabalhos, sempre muito intensas e contrastantes, depois pela composição agitada, pela forte presença gráfica, pela gestualidade em alguns momentos e por um certo resquício de figuração, como a nos informar que estas imagens misturam elementos do mundo exterior e interior.

Além disso, estes trabalhos foram uma grande fonte de aprendizado e experimentação técnica. Por não estar preso a representação de elementos do mundo real, pude me ater mais as questões formais relativas à composição, relação entre as cores, pesquisa de texturas e formas. Enfim, aprendi muito ao realizar estas pinturas abstratas, inclusive para criar a partir delas as séries posteriores figurativas, já comentadas aqui no blog.

Na próxima postagem entrarão as pinturas abstratas que fiz entre 98 e 99.

sábado, 5 de julho de 2008

1997 - O Ano do Concurso

O ano de 1997 foi um ano muito importante para mim. Foi nele que participei do concurso para professor efetivo do Curso de Pintura da EBA, o último desde então para Professor Auxiliar (sem exigência de mestrado). Existiam duas vagas disponíveis, mas só uma foi oferecida pela UFRJ à EBA.

Este tipo de concurso da EBA é dos mais difíceis em toda a Universidade. Ele é composto por cinco provas mais a prova de títulos. São elas: pintura do modelo vivo (suporte medindo 100 X 150 cm), pintura de um painel de grandes dimensões, prova de análise de pinturas da própria produção recente do candidato, prova escrita sobre tema sorteado e prova de aula (com presença do público) com tema sorteado 24 hs antes.

As duas primeiras provas tiveram a duração de uma semana (cada prova), sendo que era seguido um sistema de horário rígido: de 2ª a 6ªf, das 8 as 12:ooh, onde só poderiam ficar na sala da prova os candidatos (foram 5 ao todo) e os membros da banca, que eram três professores e mais um como secretário. No total, somando estas duas provas práticas e as demais, o concurso durou um pouco mais de um mês.

Para mim, e certamente também para os demais candidatos, este concurso foi extenuante física e mentalmente. Eu havia me preparado durante o ano anterior com muita dedicação e estava acreditando profundamente nas minhas possibilidades de entrar para o quadro efetivo de professores da Pintura e, portanto, me apliquei às provas de corpo e alma.

Para a primeira prova me prepara durante seis meses, desenhando muito modelo vivo nas mais variadas poses, e quando chegou a hora estava me sentindo pronto para a pose que viesse, e a escolhida pela banca foi uma bem simples, que não ofereceu nenhuma dificulade especial. A modelo escalada para o concurso era uma morena forte e bem proporcionada, que sabia posar, o que colaborou muito para o bom andamento da prova. E como queria dar ao meu trabalho um "toque" pessoal , transformei a morena em uma deusa do panteão greco-romano, intitulando a minha obra de "O Nascimento de Vênus" (versão II).

Terminei esta prova no tempo estipulado e fiquei satisfeito com o resultado.A prova pratica seguinte implicava em que cada candidato pintasse um painel com tema livre, de sua própria criação, em qualquer técnica, sobre suporte a sua escolha com no mínimo 4m². Optei, então, por fazer um tríptico que somava 7m² no total, possuindo como tema mais um assunto mitológico: "Os Argonautas".

Tanto este trabalho quanto a pintura do modelo foram realizados dentro do contexto dos "Sonhos Tropicais", série de pinturas comentada nas três postagens anteriores.Todo o material para a execução das provas práticas era de responsabilidade dos candidatos. Eu pintei os meus dois trabalhos com óleo e pasta de cera sobre mansonite (a Vênus) e compensado (Os Argonautas), tendo-os preparado eu mesmo em minha casa.

Depois das provas práticas, a prova de aula foi a mais tensa, pois cada candidato teria que preparar a sua aula sobre tema sorteado 24 h antes (mais todos os 10 temas haviam sido comunicados aos candidatos com um ano de antecedência). Eu havia preparado 8 aulas, incluindo apostilas para distribuir ao público e material fotográfico para ser projetado. Contudo, na hora do sorteio me caiu justamente um ponto para o qual não tivera tempo de preparar a aula e, por isso, tive que prepara-la realmente em 24 hs - Pintura em Grandes Formatos e Pintura com Materiais Não convencionais na Arte Moderna. Dois assuntos muito diferentes um do outro, misturados numa mesma proposta de aula. Então resolvi falar sobre os muralistas mexicanos (Rivera, Orozco e Siqueiros) no caso dos grandes formatos, e sobre a pintura de Jean Dubuffet ( o criador da "Arte Bruta") no caso dos materiais não convencionais. Apesar do nervosismo consegui dar uma boa aula para a banca e para a platéia de alunos presente à prova.

Concluídas as provas, terminado o prazo para a banca dar o resultado, eu, os demais 4 candidatos e uma platéia formada principalmente por alunos da Pintura, ouvimos a contabilização das notas feitas pelo professor secretário da banca. Feitas as contas, fiquei em 2º lugar, com uma pequena diferença de décimos em relação ao candidato vencedor, que por sinal foi meu colega de turma e é meu amigo até hoje. No primeiro momento aceitei o resultado com naturalidade, afinal num concurso tanto se pode ganhar quanto perder. Contudo, no dia seguinte, quando a "ficha caiu", baixou uma "deprê" terrível sobre mim.

Mas isto faz parte da natureza humana e logo tive que superar a frustação e seguir adiante. Todavia, o mais triste foi ver os dois anos de validade do concurso passarem sem que eu pudesse ser chamado para ocupar a 2ª vaga restante. Mas apesar da tristeza não desanimei e continuo, em intervalos de dois anos, dando aulas na EBA como substituto até que surja uma outra oportunidade de me tornar efetivo no quadro de professores desta instituição tão tradicional e da qual gosto verdadeiramente.

Felizmente, para afastar um pouco a tristeza, também foi em 97 que fiz uma de minhas melhores exposições individuais, intitulada de "Cobras e Fenômenos". Ela aconteceu no Espaço Cultural dos Correios, onde foram expostas justamente as pinturas da série "Sonhos Tropicais", das quais venho falando nas últimas postagens.

Para ilustrar esta passagem importante da minha história seguem as fotos dos dois trabalhos realizados no concurso: "O Nascimento de Vênus" (versão II) e "Os Argonautas" (este trabalho foi doado à Faculdade de Letras da UFRJ e encontra-se exposto no hall de entrada de sua biblioteca desde 1998).


1- "O Nascimento de Vênus"(versão II) - óleo e pasta de cera s/ mansonite - 100 X 150 cm - 1997.


2- "Os Argonautas" - detalhe à direita.


3- "Os Argonautas" - detalhe à esquerda.


4- "Os Argonautas" - óleo e pasta de cera s/mansonite - 7m² - 1997 (o painel central é da mesma altura dos laterais).

segunda-feira, 23 de junho de 2008

1996/7 - S. Tropicais - Grandes Formatos

Agora chegou a vez dos GRANDES FORMATOS, da série Sonhos Tropicais, serem mostrados a vocês. Foi neste conjunto de pinturas onde aconteceram os maiores improvisos na construção da composições e do temas. Aqui, como comentei no primeiro texto desta série de postagens, comecei com exercícios de desenho quase que totalmente aleatórios, dos quais fui juntando partes diferentes para montar cada uma das pinturas apresentadas. Os títulos surgiram depois dos quadros prontos, alguns deliberadamente abertos para provocar a imaginação do expectador.

A técnica pictórica continuou sendo a "pseudoencáustica" (ou pasta de cera como a chamo atualmente) combinada com tinta a óleo ou apenas pigmentos, tudo sobre suporte rígido (mansonite montado em chassis de madeira). O contexto plástico também se matem: grafismo acentuado, claro-escuro exagerado e cromatismo intenso.


1- "A Pescaria - óleo e pasta de cera s/ mansonite - 120 X 61 cm - 1996.


2- "As Mulheres Liberadas" - óleo e pasta de cera s/mansonite - 122 X 90 cm - 1996.


3- "Cobras e Fenômenos" - óleo e pasta de cera s/mansonite -122 X 85 cm - 1996.


4- "Contato Imediato!" - óleo e pasta de cera s/mansonite - 113 X 91 cm - 1997.


5- "História de pescador" - óleo e pasta de cera s/mansonite - 122 X 80 cm - 1997.


6- "O Clube dos Mascarados"- óleo e pasta de cera s/mansonite - 122 X 90 cm - 1997.


7- "Pit Stop" - óleo e pasta de cera s/mansonite - 122 x 90 cm - 1997.


8- "Os Adoradores do Crepúsculo"- óleo e pasta de cera s/mansonite - 122 X 80 cm - 1997.

Considero estas pinturas como muito associadas ao Surrealismo, embora pintadas de forma expressionista. Nelas a ironia, a brincadeira e a farsa predominam, possibilitando as leituras mais variadas. Este é o contexto que procurei desde o início desta série e acredito ter encontrado em mior intensidade nestas pinturas. Mas vou me abster de fazer comentários individualizados sobre elas, para que o visitante possa fazer a suas próprias leituras sem ser induzido por mim.

Em 97 ainda pintei um grande painel tríptico e uma "Vênus" dentro destas características, mas eles foram feitos durante um concurso para professor de pintura da EBA/UFRJ; esta história vou contar na próxima postagem. Em 2000 retornei a esta série em cinco novas pinturas de grande formato, com algumas mudanças plásticas. Na hora certa também postarei estes trabalhos.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

1996 - Dando Continuidade...

Dando continuidade aos "Sonhos Tropicais" chegou a vez dos temas MITOLÓGICOS.


1 - "Leda e o Cisne" - óleo e pasta de cera s/mansonite - 90 X 70 cm - 1996.


2- "A Sereia" - óleo e pasta de cera s/mansonite - pequeno formato - 1996.


3- "O Julgamento de Paris" -óleo e pasta de cera s/mansonite - pequeno formato - 1996.


4- "Teseu e o Minotauro" - óleo e pasta de cera s/mansonite - pequeno formato - 1996.


5- "Adão e Eva"- óleo e pasta de cera s/mansonite - pequeno formato - 1996.


6- "A Vênus da Quitinete" - óleo e pasta de cera s/mansonite - pequeno formato - 1996.


7- "Estranho Velório" - óleo e pasta de cera s/mansonite - 70 X 100 cm - 1996.


A Mitologia Greco-Romana é um assunto que me interessa desde a adolescência e por isso tem aparecido como tema de alguns dos meus trabalhos desde aquela época.

Na versão "Sonhos Tropicais" ela ganhou uma feição mais gaiata, onde a minha intenção era mais a de ironizar do que ilustrar o mito mencionado.

Do grupo acima apenas "Adão e Eva" e "Estranho Velório" não fazem parte deste gênero de mitologia, sendo que esta última está dentro do chamado mito moderno dos OVNIs (outro assunto que me interessa muito).

Em "Leda e o Cisne" (quando Zeus transforma-se num cisne para possuir a ninfa Leda), a personagem feminina dança um "samba" muito agitado, tendo como primeiro plano uma natureza-morta (no mesmo nível de importância do tema central) e ao fundo uma janela que se abre para uma paisagem marinha ao por do sol. É tudo puro delírio e fantasia, onde o gesto brusco de Leda quebra o ar estático da cena.

Ulisses pediu para ser amarrado ao mastro de seu navio, enquanto seus marujos remavam com os ouvidos cheios de cera para não ouvir o famoso canto da "Sereia", que aqui é uma doce ruiva, que muito concentrada penteia seus longos cabelos cor de laranja, sentada sobre uma rocha, iluminada pela lua e cercada pelo mar. Ao fundo vêem-se os restos de barcos destruídos contra as rochas, vítimas do seu encantador e mortal canto.

Em o "Julgamento de Paris" vemos o mancebo de costas a escolher entre as 3 belas deusas qual vai ganhar o pomo de ouro. Escolha difícil... (a guerra de Tróia nasceu desde interessante episódio ligado à vaidade feminina).

Dentro do Labirinto uma cena de luta se desenrola entre "Teseu e o Minotauro". Este curioso quadro é um dos poucos que pintei abordando diretamente um cena de violência (mesmo que seja contra um monstro).

Os pais da humanidade, "Adão e Eva", estão num lindo idílio amoroso. Mas a serpente, atenta, já oferece a mortal maçã ao ingênuo casal. O final desta história todos já conhecemos.

Um ET jáz ao chão, cercado por figuras populares e por um anjo na pintura "Estranho Velório". O que simbolizará esta curiosa cena?

No próximo episódio postarei os grandes formatos.

1996 - Sonhos Tropicais - Continuando...

Agora chegou a vez dos "AMANTES" e dos "SOLITÁRIOS".


1- "A Banhista do Lado de Lá" - óleo e pasta de cera s/mansonite - peq. formato - 1996.


2- "Cena pastoral" -óleo e pasta de cera s/mansonite - peq. formato - 1996.


3- "A Mulata Cearense" - óleo e pasta de cera s/mansonite - peq. formato - 1996.


4- "Lulú" - óleo e pasta de cera s/mansonite - peq. formato - 1996.


5- "Marte no Sofá Vermelho" - óleo e pasta de cera s/mansonite - peq. formato - 1996.


6- "Entrando no Labirinto" - óleo e pasta de cera s/mansonite - peq. formato - 1996.


7- "O Eclipse" - óleo e pasta de cera s/mansonite - peq. formato - 1996.


8- "Melancolia de Verão" - óleo e pasta de cera s/mansonite - peq. formato - 1996.


9- "Atrás do Vaso Verde" - óleo e pasta de cera s/mansonite - peq. formato - 1996.


10- "O Bisbilhoteiro" - óleo e pasta de cera s/mansonite - peq. formato - 1996.


11- "Perdido na Zona Intermediária" - óleo e pasta de cera s/mansonite - peq. formato - 1996.


Este conjunto de pinturas aborda situações muito diferenciadas - cômicas, enigmáticas, românticas, surrealistas, estranhas...

"Perdido na Zona Intermediaria", por exemplo, nos mostra um solitário estático como uma escultura, mas cuja tensão interna é representada pela tempestade que estala para além da janela, prestes a sacudir o pequeno barco que flutua mansamente no enorme balde sobre a mesa coberta pela toalha florida. Enigmas da alma humana.

"Lulú" é uma boneca com cara de má, mas não passa de um brinquedo inofensivo esquecido a um canto do passado de alguém.

Uma figura muito estranha, vindo de muito longe (ou de muito perto), espreita da janela o sono profundo da bela loira. Quais serão as intenções deste um autêntico "Bisbilhoteiro"?

"A Banhista do lado de Lá" acena para a banhista do lado de cá, que doura suas curvas generosas ao sol tropical. Ela sonha...

A tarde cai e alguém está solitário à beira da praia. Sobre a mesa ficaram as lembranças de um romance perdido, o sonho que se foi deixando apenas uma "Melancolia de Verão".

O amor sob o "Eclipse" é mais gostoso. Uma ilusão que deixa sua marca para sempre em cores vivas no coração.

Ela está simplesmente "Penetrando no Labirinto". Porque? Porque viver é arricar-se sempre.

A "Mulata Cearense" faz pose, na mão segura um peixe e no coração acalenta um sonho...

E po aí vai...