quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Xilogravura VII

25 -"Auto-retrato" II - xilogravura p 2007.

26 -"Auto-retrato" III - xilogravura - 2007.

27 -"Auto-retrato I - xilogravura - 2007.

28 - "Retrato de Mariana" - xilogravura - 2007.

29 -"Retrato de Daniel" - xilogravura -2007


Concuindo esta breve abordagem da minha xilogravura, seguem alguns retratos que fiz recentemente, em maio /junho deste ano, para um evento ocorrido em Niterói (RJ) de arquitetura e decoração, para o qual fui convidado a participar, fornecendo criações artísticas. São retratos de 3 arquitetos (um deles é o de Lúcio Costa) mais o meu autoretrato. Infelizmente o retrato de Lúcio Costa não pode ser exposto no ambiente criado, que era um restaurante cujo design homenageava a arquitetura do século XX (a Arquitetura Moderna), por falta de permissão pelo curador do referido arquiteto homenageado (e por este motivo não o postarei aqui). Os outros dois arquitetos são os criadores do ambiente, Mariana e Daniel.

Por coincidência, antes de receber o convite para fazer estes retratos, eu estava trabalhando nuns "retratos" e "cabeças" xilográficos para uma exposição que acabou não ocorrendo. Este trabalhos são completamente diferentes dos postados agora, pois não retratam ninguém especificamente, alguns tendo como fonte de inspiração as máscaras africanas. Quando eles estiverem acabados, também vou posta-los (tive que interromper sua criação para atender a outros trabalhos profissionais).

Com esta postagem dei uma amostra da minha xilo. No futuro retornarei ao tema com outras xilos e algumas litografias que produzi também na EBA.

Xilogravura VI

20 - "Usina de Arte" - xilogravura - 1999/2000.

21 - "natureza Morta com Peixe, Estrela e Chuva Cósmica" - xilogravura - 1999/2000.

22 -"Um Instante Antes do Êxtase" - xilogravura - 1999/2000.

23 -"Ventos de Verão em Saturno" - xilogravura - 1999/2000.

24 -"Beijo Cósmico" - xilogravura - 1999/2000.


Em 1999 iniciei uma nova fase abstrata em minha pintura ( a terceira depois daqueles trabalhos abstratos já postados aqui no blog). Esta fase acabou, como outras anteriores, tendo também desdobramentos na xilogravura. A sequência postada dará uma mostra destes trabalhos que, apesar de abstratos, tinham como ponto de partida minhas antigas "fantasias espaciais". Contudo, o aspecto plástico aqui sobressai sobre o aspecto temático.

Xilogravuras V

16 -"Sun Bay"- xilogravura, 1989.

17 -"Hoje o Mar não Está Para Se Pegar Jacaré" - xilogravura, 1989.

18 -"Entardecer na Praia" - xilogravura - 1989.

19 - "O Intrépido" - xilogravura - 1989.



Seguindo em frente com o tema da xilogravura, aqui estão mais alguns trabalhos dos muitos que possuo nesta técnica, desta vez produzidos no final dos anos 80.

Estas xilos têm como tema paisagens relacionadas com o mar (marinhas). A primeira delas foi criada a partir de uma encomenda específica que me foi feita por um francês, através de uma marchand com que eu trabalhava nesta época. Ele queria algo relativo ao mar, mas o curioso foi que o título original dado a esta primeira gravura da série ("Sun Bay") desagradou-o muito, porque lhe parecia "esta mania que temos aqui no Brasil" de dar nomes em inglês para tudo. Eu também não gosto disso mas, no caso em questão, dei este título principalmente por acha-lo muito sonoro. Todavia, para não desagradar o cliente, apaguei o título em inglês gravado na matriz e o traduzi para português. Depois me arrependi (eu sou o dono da minha obra e dou os títulos que achar que devo dar!) e voltei atrás, mantendo o título original.

As demais gravuras (como a primeira) me serviram como ótimos exercícios para estudar os efeitos de luz e sombra através da técnica da xilogravura, onde a luz pode ter características realistas ou ser puro elemento plástico, abstrato, jogando em intensidades variadas com o preto (sombra/negro). Todos os personagens e situações foram gravados tendo como fonte desenhos que fiz em passeios à praia com minha esposa e filha. Comparadas com as gravuras anteriores (Xilogravuras III), estas têm um aspecto muito mais tranquilo, não apresentando o amargor angustiado daquelas.

domingo, 30 de dezembro de 2007

Xilogravuras IV

14 - "Minha Mulher Pós-Neo-Cubo Expressionista" - xilogravura, 1992. Neste trabalho faço uma brincadeira com a mistura de estilos díspares (esta mistura eu já fazia antes disso, aos 15/16 anos, mas sem este sentido de ironia, presente nesta gravura).

15 - "Auto-retrato com Máscara" - xilogravura, 1992. Nesta xilo, abordo o tema das máscaras de origem africana, um assunto que começava a me interessar mais nesta ocasião e que me interessa até hoje, sendo muito utilizado tanto em minhas pinturas quanto em minhas cerâmicas. Nesta versão, o aspecto irônico é o mais visível.


Continuando ainda dentro da xilogravura, prossigo este resumo do que fiz nesta técnica com a postagem de duas xilos do início dos anos 90, época em que vinha me dedicando mais a fazer cerâmica e pintura. Estas gravuras são dois exemplos de "cabeça" e "máscara" que eu viria a desenvolver muito através, principalmente, da pintura.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Xilogravuras III

10- "O melhor Amigo do Artista Contemporâneo" - xilo - 1987. O ponto de partida para esta curiosa gravura foi a foto de "Atlas", um dos vários cachorros criados por minha família. Aqui ele pode ser visto em sua versão surrealista, com escamas e rabo de peixe.

11 - "A mensagem da Arte Contemporânea" - xilogravura - 1987. Em um corpo de estátua feminina grega, acoplei uma cabeça africana com cauda de peixe e um par de tênis. O ovo voador nos traz a misteriosa mensagem...

12 - "O Êxtase do Artista Contemporâneo"- xilogravura - 1987. Uma escultura inacabada de Michelangelo serviu de ponto de partida para esta figura retorcida. A figura é estática mas a sua musculatura sob tensão parece se mover. Considero como pontos altos deste trabalho a expressão de angústia da figura e o clima de sarcasmo que emana do conjunto.

13 - "A Fonte da Arte Contemporânea"- xilogravura - 1987. Esta xilo também traz o mesmo tipo de sentimento das outras - angústia, tensão e perplexidade.


Dando prosseguimento a este tema, minhas xilogravuras, seguem trabalhos de 1987. Nestes trabalhos mudei meu processo criativo, passando a fazer minhas gravuras a partir de desenhos prévios. Contudo, a fantasia continuou solta, mudando apenas o aspecto plástico das imagens que se tornaram mais estáticas e com composições mais organizadas. Além disso, passei a trabalhar um pouco mais o claro-escuro, embora de forma muito estilizada, com sombras tão recortadas que quase se tornam formas independentes com consequente vida própria.

Tematicamente estas xilos têm um carácter crítico, pois na ocasião já começava a perceber que os meios tradicionais de arte, com os quais trabalho até hoje, já não interessavam às galerias, salões de arte e curadores de um modo geral. Neste momento passei a ter uma certa impressão de isolamento, o que me deprimia um pouco. Minha resposta e válvula de escape foram estas gravuras, um tanto cáusticas, das quais gosto sobremaneira.

Xiloravuras II

6- "Passeio na Praça" - xilogravura - 1985. Aqui o estilo deriva dos desenhos infantis e dos grafismos rupestres. Este tipo de tema e linguagem explorei concomitantemente na pintura nesta época.

7- "Stella!' - xilogravura - 1986. Mais uma de minhas fantasias eróticas misturada com meus anseios por respostas sobre os significados da vida e do universo.

8- "Surubança Opus II" - xilogravura - 1986. Puro erotismo explícito numa compsição muito movimentada e caótica. Gosto muito das figuras vazadas (brancas), contrastando com o chapado negro das demais.

9- "Arriba, Muchacho!" - xilogravura 1986. Esta é muito louca!


Prosseguindo com a xilogravura, vou postar alguns trabalhos de 1986. As composições destas xilos são complexas e movimentadas, todavia nasceram de um improviso total. Eu pintava a matriz com nanquim preto para obter mais contraste e saia desenhando direto com a goiva, sem qualquer desenho prévio de apoio. Neste processo, que lembra o "automatismo" dos surrealistas, as imagens vinham direto do meu subconsciente, sendo grande parte delas grotesca e erótica. Este tipo de exercício direto viria a ser muito útil para mim em uma série de pinturas intituladas "Sonhos Tropicais".

sábado, 22 de dezembro de 2007

Xilogravuras

1- "Eu" - xilogravura, 1985. Este foi um dos meus primeiros trabalhos feito na Oficina de Xilogravura da EBA. Me identifiquei tanto com esta imagem que a chamei de "EU".

2- "Nosferatu" - xilogravura, 1985. Aqui o formato da madeira era comprido e isto me induziu a criar esta figura alongada com capa e cara de vampiro. Daí o título.

3- "O Caçador de Vampiros" - xilogravura, 1985. Para fazer companhia ao vampiro nada como seu caçador, com estaca e tudo. Reparem no sobretudo elegante que ele usa.

4- "O Lambelaska" - xilogravura, 1985. Este grupo nasceu naturalmente. Minha mão guiou a goiva como num desenho cego e daí surgiu este fantástico casal de amantes. O título eu ouvi de um conhecido meu, cearense, que me contou que estava indo a um "Lambelaska". O curioso é que a matriz desta gravura é literalmente lascada.

5-"Hóspedes e Hospedeiros" - xilogravura, 1985. Quem é o hóspede e quem é o hospedeiro? Mais uma gravura que nasceu espontaneamente, sem nenhum desenho prévio.

Na primeira postagem feita neste blog, afirmei que colocaria um pouco de tudo sobre meu trabalho como artista plástico. Portanto, vou fazer uma pausa na pintura e falar agora da minha xilo, que comecei a produzir a partir de 1985, quando ganhei como prêmio, num Salão da EBA, um curso na extinta oficina de xilogravura do MAM (sobre a minha cerâmica e escultura falarei em outro blog, ainda a ser criado).

Na ocasião não me entusiasmei muito com o tal curso pois nada sabia de gravura de um modo geral e de xilo especificamente. Contudo, quando se aproximou a época de iniciar o curso (março de 85), comecei por conta própria a gravar com uma faca a superfície de um pedaço de madeira (extraído do piso da casa do Titã, cachorro da minha família) e, desta forma improvisada, nasceu a minha primeira xilogravura, mostrando uma árvore (nesta época estava pintando as árvores estilizadas, já mostradas aqui). Como desconhecia o processo de tirar cópias, utilizei a técnica do "frottage", colocando uma folha de papel manteiga sobre a matriz toscamente gravada e passando sobre ela um lápis 6B, obtendo uma imagem da tal árvore. Infelizmente perdi esta matriz e sua cópia.

Quando finalmente o curso no MAM teve início, vi logo que estava para me iniciar num processo maravilhoso de criar imagens, cujas características gráficas tinham tudo a ver com meu processo de desenhar e pintar. Imediatamente comecei a produzir uma série de matrizes, tomando como tema objetos simples como cadeiras e árvores, para depois passar às figuras humanas, muitas delas de cunho erótico (pois nesta época, aos 25 anos, este era um momento especialmente "quente" para mim).

Esta foi uma fase muito produtiva, tanto que após a conclusão do curso no MAM, que durou um semestre, imediatamente me inscrevi na Oficina de Xilogravura da EBA, pois ouvira falar muito bem dos professores que davam aula lá. E foi uma ótima experiência, pois somei o que tinha aprendido no MAM e o que estava aprendendo sobre xilo na EBA com minha experiência de pintura, largamente desenvolvida tanto na EBA, enquanto aluno, quanto nos anos anteriores como autodidata.

As xilos desta época são muito diretas, cheias de fantasia, erotismo e humor. Todas elas foram criadas diretamente sobre a matriz, sem desenhos preparatórios, totalmente de improviso. Naturalmente algumas não davam certo neste meu processo tão impaciente; contudo, em sua maioria, surgiam gravuras muito interessantes, vindas diretamente do meu "mar interior". E foi assim, durante uns três anos (de 85 a 89), que produzi gravuras como um "deseperado", diminuindo muito a minha atividade como pintor.

Antes de postar imagens das xilos, quero explicar duas coisas:

1- Comentei acima que a xilogravura tinha (e tem) muita relação com meu processo de desenhar e pintar. Isto acontece porque quando estou criando alguma imagem, em qualquer gênero de arte, privilegio a linha (o desenho) na maioria das vezes, sendo isto uma característica natural minha (é como ser destro ou canhoto). Isto produz resultados com aparêncica "gráfica", onde os contornos são explícitos e as cores são, geralmente, justapostas e contrastantes em diversos graus de intensidade. Portanto, minhas xilos são assim: construídas com contrastes violentos de preto e branco, apresentando linhas grossas e pesadas mas com alguns momentos de sutileza, especialmente nas xilos mais recentes (de 2000 para cá). Vocês vão notar muitas semelhanças entre várias destas gravuras apresentadas aqui com muitas das pinturas já postadas e outras que postarei mais adiante. Há aí uma influência mútua entre pintura e gravura, onde temas, estilo e alguns procedimentos se permutam. A grande diferença entre elas, no meu caso, é que nas xilos não há cor, pois desafio-me sempre a resolver a imagem em preto e branco (enquanto na pintura sou colorista ao extremo).

2- O processo técnico (resumidamente): todo processo de gravura pressupõe a criação de uma matriz onde é gravada a imagem original, da qual se retiram várias cópias numeradas e assinadas. Na gravura em metal (técnicas: "ponta-seca", "água-tinta", "água-forte", "maneira negra") a matriz é de metal, geralmente folhas de cobre ou latão. No caso da xilo a matriz é de madeira ou material parecido (linóleo ou, mais recentemente, MDF). As melhores madeiras para se gravar a matriz são a canela, a massaranduba e outras que possuam fibras bem juntas e sejam bastante duras. Também pode-se utilizar madeiras cortadas em topo, perpendicularmente as fibras, mas este tipo de corte é difícil de se conseguir hoje em dia (assim como as duas madeiras citadas, que estão caríssimas por serem raras).

Para se obter a imagem, deve-se grava-la na superfície da madeira, cirando-se sulcos com instrumentos cortantes chamados de goivas. Após a gravação feita (geralmente a partir de um desenho prévio), aplica-se uma camada de tinta para impressão sobre a matriz (com o auxílio de um rolo de borracha) e sobre esta é colocada uma folha de papel especial para gravura, sobre a qual é exercida uma pressão por processo mecânico (prensa) ou manual (uma colher de madeira pacientemente esfregada) para forçar a passagem da tinta de um para o outro suporte. A camada de tinta aplicada fica apenas nas áreas ao nível da superfície da matriz, não penetrando nos sulcos gravados. Quando a folha de papel é retirada, ela traz impresso todo o desenho que foi gravado na matriz só que virado ao contrário (direita e esquerda se invertem). A esta cópia dá-se um número de série (determinado pelo xilogravador), o título e a assina-se.

Este processo de gravar é muito antigo, tendo sido praticado há milênios na China para estampar desenhos em seda. No ocidente, durante a Idade Média, foi muito utilizado para estampar imagens religiosas em livros manuscritos e para criações de cartas de baralho, os populares "tarots". Grandes artistas desde esta época praticaram a xilogravura como Dürer (no século XVI) ou os expressionistas alemães (no século XX). No Brasil Oswaldo Goeldi foi (é) um dos grandes nomes desta técnica de gravura, tendo sido também professor da Escola de Belas Artes. Outros nomes que podemos citar são os de Adir Botelho, Roberto Magalhães, Rubem Grilo, Faiga Ostrower entre tantos outros, isto sem mencionar os gravadores populares nordestinos para literatura de cordel.

Agora vou passar a postagem das imagens de algumas das minhas xilogravuras (são mais de 300), começando pelas mais antigas, a partir de 1985.

sábado, 15 de dezembro de 2007

Pinturas Abstratas dos anos 80


"Abstrato Azul", óleo s/ mansonite, médio formato - 1985/6.



"Abstrato Amarelo", óleo sob/mansonite, peq. formato - 1985/6.



"Abstrato", óleo s/mansonite, médio formato - 1985/6.



"Abstrato II", óleo s/mansonite, médio formato - 1985/6.

Agora vou falar de uma fase abstrata do meu trabalho, a primeira delas, que ocorreu ainda quando estava pintando no atelier da EBA.

Como disse anteriormente, vivenciei com meus colegas um curso de Pintura que passava por um momento de crise, principalmente porque faltavam professores que substituissem os que se haviam aposentado. Todavia, para aqueles que estavam ali para aprender e evoluir (como eu) não havia tempo a ser perdido e o negócio era prosseguir produzindo, pesquisando e descobrindo quase sozinho uma linguagem própria.

E foi nesta pesquisa meio louca, às vezes desorganizada, que topei com a arte abstrata. Logicamente que naquela ocasião eu já vira muitos exemplos de arte abstrata (especialmente de pintura) em livros e exposições, mas nunca me interessara pelo assunto, pois me encontrava numa esfera de pensamento meio fechada à coisas que não me falassem diretamente aos meus interesses do momento.

Só foi a partir do instante em que vi um colega meu trabalhando no contexto abstrato que pude perceber o quanto poderosamente plástica pode ser a expressão de sentimentos através da abstração total. Deste ponto em diante, mas por um lapso de tempo breve, caí de cabeça na pintura abstrata, e fui ler a respeito e tentar produzir a minha propria arte abstrata.

O bom de tudo isso é que esta mudança de rumo ocorreu naturalmente, não foi uma atitude forçada de fora para dentro. Desta forma, apoiando-me em toda a bagagem técnica e plástica que já havia alcançado até aquele momento, lancei-me em minhas primeiras experiências neste contexto mas sem perder o fio da meada.

A arte abstrata, não visa representar o mundo exterior ou conceitos definidos, ela se volta para si mesma, para os seus próprios elementos plásticos buscando neles seus temas e sua força expressiva. É através destes elementos plásticos (que são os mesmos utilizados na arte figurativa mas com outros fins) que ela nos transmite sentimentos, sensações e até prazer ao invocar coisas dentro de nosso mundos interiores, que geralmente são indefiníveis e consequentemente misteriosas.

E foi desta forma, remexendo no meu "mar interior" (como costumo sempre fazer) que fui buscar as imagens que vou postar a seguir. São trabalhos que, apesar de totalmente abstratos, guardam algum algum parentesco plástico com os imediatamente anteriores, os quais já estavam se tornando progressivamente abstratos (como as "arvores" e as figuras "mironianas" por exemplo).

Olhando-as agora, vinte e dois anos depois, vejo a característica de colagem de fragmentos que estas pinturas possuem, aliada a uma grande movimentação visual causada pelo embate das cores contrastantes de alguns elementos e pelo grafismo geral das formas, que são como linhas pesadas que se retorcem em zig-zag ou ao redor do núcleo da pintura. O empastamento aplicado a espátula, além de finas linhas esgrafitadas e cores terciárias (que facilitam a passagem entre as cores saturadas) são outras características destas pinturas. As formas coloridas, especialmente no "Abstrato" e "Abstrato II", também me parecem incrustradas na massa branco-acinzentada do fundo. Por fim, percebo nestas pinturas um certo elemento "natural", algo como que vindo da própria energia da Natureza, e é disto que mais gosto nestes trabalhos.

sábado, 27 de outubro de 2007

Árvores Estilizadas





Dando continuidade a postagem de trabalhos de meados dos anos 80, quando eu já terminava o Curso de pintura ma EBA/UFRJ, segue agora a série "Arvores". Estes trabalhos são inspirados na paisagem da Ilha do Fundão, onde fica a EBA, mas a minha intenção principal era usar este tema para experimentar a pintura feita com espátula, buscando o máximo de empastamento possível. Por este motivo as árvores são muito estilizadas, tornando-se densas e pesadas.

Por conta desta característica, elas ganham um clima um tanto surrealista além de estarem dentro do contexto expressionita. A manipulção da tinta empastada aplicada a pincel sobre um suporte rígido, como é o caso do mansonite, me propiciava (e ainda me propicia) um grande prazer, pois trata-se de pintar modelando uma matéria macia como a argila, plástica e apta a receber e fixar para sempre as idéias e imagens impostas a ela. Estas experiências são precursoras das minhas pinturas feitas com pasta de cera (ou pseudoencáustica) dos anos 90.

Neste contexto pintei ainda outros trabahos à época como a série inspirada no "Pão-de-Açúcar", que postarei futuramente, além de algumas "paisagens-colagens", onde são aglutinadas num único suporte várias cenas díspares, que também ficarão para mais adiante.

As cinco pinturas postadas foram feitas em óleo sobre mansonite em 1985.

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Retratos de Bete






Agora seguem os dois retratos que fiz da Bete, além de outras três pinturas deste período (1985/86). Todas foram realizadas num clima de muita liberdade e experimentação. Minha única preocupação era encontrar novas possibilidades plásticas para me expressar. Tinta respingada, empastamentos, esgrafitos, figuras estilizadas, cores saturadas etc., valia tudo e tudo isto me dava um grande prazer.

1- Bete Loira - óleo sobre mansonite, 1986.

2- Bete Morena - " " " "

3- Love - " " " "

4- Cabeça de Zeus-" " " "

5- Homem com Colete Vermelho - " " " "

"Boissurubá"


Aí estão estes 2 estranhos trabalhos com suas figuras de bois e vacas correndo ou brigando. As figuras foram todas esgrafitadas sobre o fundo esbranquiçado, pintado com tinta a óleo.
- Surubança I e II, óleo sobre mansonite, 1986.

O Bestiário






Agora seguem algumas imagens da série "O Bestiário" (I, II,III, IV e V - óleo sobre mansonite, 1985).