quarta-feira, 1 de agosto de 2007

O Mundo de Hôlo




A imagem que estou postando agora também pertence a fase antiga dos anos 70, que venho comentando. Trata-se da pintura intitulada " O Mundo de Hôlo" (óleo s/tela, 46 X 55 cm - 1978), que retrata o cão de estimação que me acompanhou e aos meus irmãos desde a infância. Ele morreu aos 14 anos, bem velhinho e, em sua homenagem, pintei este quadro. Na verdade foi uma tentativa minha de "sondar" o que existe do "lado de lá", mundo desconhecido que busquei representar como uma dimensão enevoada e indefinida como um sonho.

Holo está em frente a um espelho que reflete a imagem de sua nova casa ou diante de um "portal dimensional" dentro do Além? Não sei responder mas gostei muito de ter feito esta pintura, que está comigo até hoje. Ela me traz boas recordações e me faz pensar sobre o grande mistério da existência.

Além deste quadro, pintei outros em épocas posteriores para homenagear estes meus "melhores amigos" que se foram; futuramente postarei aqui estas pinturas, criadas em estilos bem diversos deste mas movidas pelo mesmo tipo de emoção que nasce de uma verdadeira amizade.

terça-feira, 17 de julho de 2007

Viagens Espaciais - Fim da Jornada


Aqui concluo a postagem das imagens de pinturas feitas entre 78 e 83. No futuro, voltarei a este assunto com outros trabalhos desta fase.


19 - Luas - óleo s/tela - 46 x 56 cm - 1982.

20 - Deimos, Phobos e Stonehenge - óleo s/tela - 46 x 56 cm - 1982.

21 - A Face de Marte/ o Moal - óleo s/tela - 46 x 56 cm - 1982.

Viagens Espaciais - cont. III


A viagem continua:

15 - UFO em Órbita - acrílica s/tela, 45 x 54 cm - 1978.
16 - A Cidade Eterna - óleo s/tela, 45 x 53 cm - 1980.
17 - Mundos Alienígenas (inacabado) - óleo s/mansonite - 46 x 55 cm - 2982/83.
18 - A Sentinela - acrílica s/tela - 1978.

Viagens Espaciais - Cont. II





Seguem mais imagens desta série de trabalhos antigos:

10 -Partindo Para o Infinito - óleo s/tela, 45 x 54 cm - 1980.
11 -Passagem Entre Mundos - óleo s/tela, 46 x 54cm - 1978.
12- Satélite - acrílica s/tela, 38 x 46 cm - 1978.
13- A Mais Longa Viagem - óleo s/tela, 45 x 54 cm - 1980.
14- O Farol alienígena - acrílica s/tela, 38 x 46 cm - 1978.

Viagens Espaciais - Continuação





Em prosseguimento ao tema desenvolvido na postagem anterior, seguem mais algumas imagens:

5- Portal Para a Eternidade - óleo s/ tela, 33 x 46 cm - 1977.
6- O observador da Eternidade - óleo s/tela, 44 x 53 cm - 1978.
7- O Recepetor Solar - óleo s/tela, 46 x 55 cm - 1979.
8- Usina - óleo s/tela, 46 x 55 cm - 1979.
9- Autoban - óleo s/tela,45 x 54 cm - 1978.

segunda-feira, 16 de julho de 2007

Viagens Espaciais



Continuando o assunto da postagem anterior, seguem mais algumas imagens para exemplificar a minha pintura juvenil, feita aproximadamente entre 76 e 84. Meus temas prediletos desta ocasião, conforme expliquei anteriormente, e como fica óbvio nestas novas imagens, são as viagens espaciais, os mundos distantes, os UFOS e as passagens para universos paralelos.

Olhando agora para estas pinturas, percebo nelas, para além de sua natural ingenuidade (que muito me comove), o quanto eu era (e ainda sou) atraído para temas de ordem transcedente, filosófico-espirituais. Pois no fundo, por trás destas naves que decolam, destes castelos de nuvens, destes céus estrelados, está uma ânsia por respostas às velhas perguntas sobre nossas origens e destinos. Para mim, que na ocasião era apenas um garoto, um pouco introspectivo e tímido, era de crucial importância chegar "lá" ou pelo menos tentar visualizar este inefável destino.

E o meu caminho passava inevitavelmente pela arte, principalmente a arte da pintura, embora também gostasse de escrever poemas e contos de fantasia e FC. Mas era através do desenho e das cores que eu me sentia verdadeiramente realizado, pois a imagem sintetiza num instante uma idéia, além de conseguir induzir muitas outras àqueles que têm imaginação livre.

Sem falsa modéstia, outra coisa que hoje me salta aos olhos nestas pinturas, agora falando dos seus aspectos plásticos, era o quanto meu senso de proporção era já desenvolvido. Eu realmente já sabia organizar formas, cores e espaços sobre a superfície da tela sem nunca ter tido qualquer ensino formal sobre o tema (isso antes de 1981). Credito tudo isso a minha intuição, que sempre foi muito forte, principalmente quando estou criando.

Por outro lado, é muito interessante notar como as cores aos poucos foram se tornando mais presentes em meus trabalhos, especialmente naqueles que fiz após ter assistido "Contatos Imediatos" e "Guerras nas Estrelas"- aqueles ufos de cores feéricas e aquelas batalhas multicoloridas realmente me marcaram, servindo-me como modelo para criação de algumas das minhas mais coloridas obras desta fase. Da mesma forma a leitura de livros como "2001 - Uma Odisséia no Espaço" (Arthur C. Clark), "Fundação" (Isaac Asimov), "Crônicas Marcianas" (Ray Bradbury) e outras obras do gênero também me "fizeram a cabeça", lançando-me em grandes sonhos sobre o futuro da humanidade. A isto somava-se também o meu gosto (ainda presente) pela música do tipo "Rock Progressivo" feita por grupos como Yes, Pink Floyd, Gênesis, Kraftwerk, Tangerine Dream ou por Rick Wakeman. Tudo isto me inspirava, soltava minha imaginação e eu "viajava" através do espaço, rumo ao desconhecido, "a fronteira final" ("Jornada nas Estrelas" e "Perdidos no Espaço" são outras referências impotantes para mim).

Mas provavelmente alguém dirá: "este cara era um alienado que vivia no mundo da Lua". A isto respondo: sim, era mesmo. Vejo isto hoje com muita clareza, principalmente o quanto me distanciei das questões de ordem prática, do dia-a-dia, dos relacionamentos sociais, pessoais e gerais. Realmente eu vivia isolado num mundo de pura fantasia. Mas uma das coisas que tenho aprendido é que há um tempo para tudo e que não há como fugir daquilo que você é interiormente. Eu nasci para ser um artista, e ser sonhador é o requisito número um para quem quer prosseguir nesta empreitada. Por isso não me arrependo das horas gastas no terraço do consultório do meu pai, estudando as nuvens e o pôr do sol, ouvindo sonoridades inspiradoras tiradas das guitarras e sintetizadores do rock progressivo, lendo FC ou, principalmente, pintando meus fantasiosos e ingênuos quadros sobre mundos distantes. Portanto, no que pese toda a minha alienação daquela época (que, diga-se de passagem, não era uma característica só minha) aprendi e cresci muito ao seguir minhas inclinações naturais para a arte e para a fantasia.

Hoje estou "com um pé no chão", minhas pinturas e demais trabalhos seguem outros rumos, mas nunca deixarão de refletir estas experiências iniciais e minha vontade de trilhar caminhos desconhecidos. Afinal de contas, o artista tem que ser um desbravador, permitindo que sua imaginação sempre vá adiante em busca de novos mundos.


Lista dos trabalhos postados nesta postagem:

1- Anjos Destruidores - óleo s/ mansonite, 48 x 48 cm - 1977.
2- Saltando Para o Infinito - óleo s/mansonite, 40 x 60 cm - 1977.
3- Mundos Sobrepostos - óleo s/ mansonite , 50 x 70 cm - 1977.
4- A Montanha e os Ufos - óleo s/mansonite , 50 x 60 cm - 1977.

quinta-feira, 21 de junho de 2007

O Prazer de Pintar






Comecei muito cedo a lidar com pincéis e tintas, praticamente desde a infância. Naquela época, sentia um enorme prazer em aplicar as cores na superfície da tela, sentindo a vibração e a maciez da tinta ao ser espalhada sobre a textura do suporte. E embora me preocupasse com o que iria pintar, o que realmente me atraia era o ato em si, o lidar com os materiais e o prazer de descobrir como combinar as cores e montar as composições, tudo da forma mais intuitiva e autodidata possível.

Hoje, passados tantos anos, apesar de tudo o que aprendi e vivi, quando vou iniciar uma pintura ainda vibra dentro de mim a mesma emoção daquela época, sinto o mesmo interesse e prazer. Logicamente já não mais estou tateando numa terra desconhecida, pois muito caminho já trilhei dentro dela, mas sempre me proponho novos desafios para manter vivo em mim aquele "fogo criativo" que me impele a continuar pintando.

Contudo, houve momentos de "aperto" em que me perguntei se, diante de todos os obstáculos de ordem prática e financeira, fazia sentido continuar laborando em tal atividade, tão pouco compreendida e mal remunerada. Mas tais dúvidas logo sucumbiam diante da enorme vontade de pintar e, de um jeito ou de outro, sempre fui encontrando uma saída para continuar criando meus quadros, como faço até hoje.

Quando comecei a mexer com tintas (primeiro com guache e depois tinta a óleo), lá pelos 12 anos, qualquer assunto me servia: um chalé avistado num passeio na serra, meu cachorro se coçando, temas místicos e bíblicos ( nesta ocasião gostava de ler trechos do Velho Testamento), visões futuristas, fantasias juvenis etc. Depois fui tomando contato com livros de arte, emprestados por uma vizinha que era bibliotecária e queria me incentivar, e passei "recriar" os grandes mestres. Coloco desta forma porque nunca gostei de ficar copiando a pintura de outros artistas mas sim de criar as minhas e, por conta disso, fiz várias combinações curiosas entre estilos, por exemplo: juntando o pontilhismo pós-impressionista com o expressionismo de Modigliani ou combinando o cubismo de Picasso com minhas fantasias futuristas. Tudo isso serviu para mim como um grande aprendizado mas aos poucos fui procurando um caminho mais pessoal, inicialmente dentro das questões de ordem temática e depois, ainda que de maneira inconsciente, dentro de contextos também formais.

Vem daí que aquela que hoje posso chamar de minha primeira fase artística, ainda juvenil mas já muito organizada em relação ao caos inicial, surgiu lá pela segunda metade dos anos 70 e durou até 1983, quando eu já era aluno da Escola de Belas Artes da UFRJ. Esta fase se caracteriza por ser inspirada no Rock Progressivo e em filmes e literatura de Ficção Científica, aos quais eu adorava e gosto até hoje. Nos trabalhos produzidos então, principalmente nos primeiros, predominavam as paisagens desérticas, de planetas distantes e inalcansáveis (a não ser pela imaginação), pintados principalmente em tons de azul. A tinta a óleo era muito esbatida, quase sem pinceladas aparentes, as passagens entre os tons feitas de forma suave (contudo, quando pintava com tinta acrílica as áreas coloridas eram geralmente mais recortadas, definidas, e o trabalho tornava-se uma pouco mais gráfico). Os céus eram imensos, às vezes cheios de nuvens ou esquentados pelos tons avermelhados do pôr do sol; já as noites eram profusamente estreladas, onde surgiam planetas exóticos e coloridos ou pequenas naves espaciais em forma de esfera ou de pirâmide. Por causa de fantasias deste gênero, de cunho bastante ilustrativo (mas muito sugestivas) meus colegas da EBA me chamavam na época (entre 81 e 84) de "Ricardinho Espacial".

Para ilustrar, postei as imagens acima, do final desta fase, que possuem um "pé"no surrealismo, tendo sido realizadas em 82 e 83 . Chamei (recentemente) a esta fase de "O Outro Lado da Realidade". A pintura de que mais gosto é a que está em destaque abaixo das outras ,"A Viagem de Titan" (óleo s/ mansonite, 120 X 80 cm). As outras chaman-se (na ordem em que foram colocadas): "Asteróide", "Eles Estão Chegando", "Surgiu ao Entardecer" "Tarde Ensolarada" (muito modificada por mim há quatro anos atrás), todas em óleo s/ mansonite, medindo 120 X 80 cm. Futuramente, trarei outras imagens representativas desta fase importante em minha carreira.

domingo, 17 de junho de 2007

Pintura, cerâmica,xilogravura e escultura - facetas de uma só arte



Hoje, aos 46 anos, revendo meu percurso artístico, sou capaz de enxergar com clareza todo o caminho percorrido, percebendo o quanto criações que eu considerava como muito diferentes entre si são, na realidade, irmãs, ainda que realizadas em gêneros diferentes de arte. Tal fenômeno se dá porque, sempre fui fiel as minhas intuições e convicções íntimas, nunca aderindo às influências ou modismos que me desviassem daquilo que sou como pessoa.

Mas tudo começou a partir da pintura, que para mim, era a única "grande arte", aquela a qual deveria me dedicar inteiramente. Contudo, no contato com o mundo acadêmico, através da graduação na EBA/UFRJ, descobri outras possibilidades de expressão igualmente poderosas e instigantes, a começar pela cerâmica e, a seguir, pela xilogravura. A escultura veio um pouco depois, em decorrência das minhas experiências com a argila no campo do tridimencional.

E o mais interessante em tudo isso é que em cada um destes gêneros, dentro de cada um deles, existem várias fases distintas, caminhos iniciados e só parcialmente trilhados, mas que no fim parecem sempre levar um contexto, a um mundo, a uma visão-de-mundo - a minha.

Esta coerência é fundamental, pois denota uma linguagem própria, um jeito pessoal de comunicação, através de uma forma contundente que pode passar um ou vários conteúdos, sejam eles de teor extra -plásticos ou puramente plásticos.Isto sem que haja repetição, sem maneirismos entediosos, pois arte que se repete deixa de ser arte para virar simples manufatura de objetos.

Por isso me considero um artista multifacetado mas coerente, que procura dar o seu "recado" ao mundo de uma forma particular, inspirada e inspiradora, através de imagens que propaguem beleza, força, fé na vida, confiança, esperança e a intenção de ativar aquele lado sonhador e mais interessante que existe dentro de todos nós.