Fui convidado a desenvolver estes projetos por uma arquiteta amiga e apreciadora de arte, a Francyla, com quem já havia trabalhado antes, cuja missão era a de reformar o hall de entrada do tal edifício de maneira a adequa-lo aos tempos atuais e humaniza-lo. Para tanto, além de sua eficiente intervenção arquitetônica, ela pediu que eu criasse murais que levassem arte às paredes dos corredores de acesso dos elevadores, dotando-lhes de vida e calor artísticos.
Assim, iniciei os estudos projetando murais para serem executados em azulejo, sendo um deles no tradicional azul cobalto e os demais policromados. Contudo, a administração do prédio rejeitou a idéia e pediu que eu desenvolvesse a proposta para ser feita em pedra (mármores e granitos). Como gosto de desafios, aceitei a incumbência e fiz os estudos a serem posteriormente executados por uma marmoraria.
Desta forma trabalhei em duas idéias, a primeira sendo um mural figurativo, chamado “Homens, Peixes e Pedras”, com figuras estilizadas geometricamente e fazendo alusão às fontes africana e indígena de nossa arte brasileira, mas num contexto modernista que se harmonizasse com o estilo Moderno do prédio (projetado por importantes arquitetos cariocas) e com o seu tipo “brutalista”, todo em concreto aparente. Para tanto as figuras são construídas em módulos que se combinam através de suas formas, diversas cores e tons dos mármores e granitos aplicados, criando ritmos visuais, grupos de figuras e formas planas que se relacionam dinamicamente entre si e disputam a atenção do nosso olhar.
Na segunda idéia desapareceram as referências étnicas, dando lugar a um dinamismo maior de formas puramente geométricas e assimétricas, distribuídas sob a superfície da parede como se flutuassem no espaço tal e qual “rochas cósmicas no Cinturão de asteróides ou blocos de gelo nos Anéis de Saturno” .
Nas duas propostas a cor do concreto aparente das paredes tem participação ativa, funcionando muitas vezes como um recorte negativo, onde surgem formas criadas pelo espaço vazio. Além disso, a minha idéia era proporcionar tanto com um quanto com o outro mural momentos de prazer e fruição estética aos freqüentadores e visitantes do edifício (que também é sede de muitas empresas de grande porte), de maneira que ao aguardarem nas filas dos elevadores, estas pessoas pudessem se distrair dos seus problemas e “viajassem” a outros mundos através das formas, cores e texturas diversas proporcionadas pela visão dos murais.
Mas, infelizmente, por problemas externos que fogem ao escopo desta postagem e devido a certo conservadorismo e receio do novo, nenhum dos dois projetos foi aprovado pela diretoria atual da instituição, que “passou a bola” para a próxima diretoria a entrar em 2010, que dará uma palavra final sobre o assunto. Desta forma, enquanto toda a parte de reforma arquitetônica está sendo executada no hall, fico aguardando para (quem sabe?) no próximo ano ver meus murais sendo colocados naquelas imensas e frias paredes. Então, só me resta esperar e torcer...
Mas enquanto isso, seguem os projetos para os murais cujas dimensões são 3 X 10 m e 2,7 X 7 m (tanto os figurativos quanto os abstratos). Os estudos foram feitos com lápis de cor, sendo que os abstratos foram trabalhados no Photoshop pelo arquiteto da equipe responsável pela criação das maquetes de todo o projeto da reforma, visando dar maior realidade à idéia quanto as cores e texturas dos mármores e granitos a serem utilizados.
Figurativos:
1- "Homens, Peixes e Pedras I"- estudo em lápis de cor , 15 X 50 cm - 2009.
2- "Homens, Peixes e Pedras II" -estudo em lápis de cor, 15 X 50 cm - 2009.
3- "Homens, peixes e pedras III" - estudo em lápis de cor, 15 X 34,5 cm - 2009.
Abstratos:
1- Mural Abstrato I - estudo editado digitalmente, 15 X 50 cm - 2009.
2- Mural Abstrato II - estudo editado digitalmente, 15 X 50 cm - 2009.
3- Mural abstrato III - estudo editado digitalmente, 15 X 34,5 cm - 2009.
Concluindo, aproveito para desejar a todos um Feliz Natal e um 2010 de muitas Felicidades, Paz e Amor e que todos os nossos projetos se realizem.
Um abraço e até o ano que vem, quando continuarei contando aqui a minha "história ilustrada".
Ricardo A. B. Pereira