terça-feira, 5 de maio de 2009

Viagem a Trancoso - Fotos da Inauguração, Convite e Textos

Seguem agora as fotos da inauguração, o convite e os textos de apresentação da minha exposição "Viagem a Trancoso".

Esta exposição tem muita importância para mim pois está acontecendo num espaço muito tadicional, a galeria Macunaíma, que foi reinaugurada no âmbito da EBA/ UFRJ, seu local de origem e importante centro de ensino de artes, fundada por D. João VI, onde em quase duzentos anos de hitória muitas gerações de artistas foram formadas, muitos dos quais de grande importância para a nossa cultura. Me orgulho de estar expondo nesta galeria, no âmbito desta importante instituição na qual me formei e trabalho como professor sempre que surge uma oportunidade.
Convite:

Textos de Apresentação:

VIAGEM A TRANCOSO

No carnaval de 2008 viajei com minha família à Bahia para conhecer a região de Trancoso e proximidades. Desta feliz experiência nasceram as pinturas que agora mostro na galeria Macunaíma, na qual fico muito honrado em expor. Foram dez dias muito interessantes passados junto às praias, rios e uma cultura bastante peculiar, onde pude apreciar festas que misturavam o profano e o religioso em meio a igrejas e casarios simples e repletos de valor histórico.

Tocado por estas belezas naturais e culturais, tratei de fixar em desenhos, fotos e pinturas boa parte do que vi e vivenciei. E para tanto a pintura de paisagem, gênero com o qual não costumo trabalhar me foi, neste momento, o mais adequado e desafiador para expressar a minha emoção em relação à experiência vivida. Este gênero tão tradicional da pintura é um excelente meio para o desenvolvimento de uma linguagem plástica própria, devido as muitas situações que apresenta ao artista para exercitar o olhar e a sua capacidade de interpretar o que vê, traduzindo em cores e formas todo o mundo ao redor segundo sua maneira particular de sentir.

Nos trabalhos expostos existe algo de documental, que se revela na marcante fidelidade às cores e formas retratadas. Neste caso, esta fidelidade deve-se a dois fatores principais: o uso das minhas próprias fotografias como referência e meu desejo de não me afastar demasiadamente da cor local. Mas isto não impediu que cores e texturas diversas fossem trabalhadas de um modo particular, combinando superfícies lisas e empastadas bem no contexto da minha linguagem plástica e da técnica pictórica de minha preferência, o óleo e a pasta de cera.

São, enfim, pinturas que buscam somar de forma harmoniosa a técnica e a poética para expressarem toda a emoção de quem viveu uns bons momentos num ponto muito singular do Brasil. Se estas obras traduzirem um mínimo que seja desta experiência, levando o expectador a sentir um pouco da felicidade que senti naquela ocasião, me darei por satisfeito.

Estão todos convidados a compartilharem comigo esta Viagem a Trancoso.

Ricardo A. B. Pereira
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Para a Escola de Belas Artes é um privilégio expor estes trabalhos inéditos de Ricardo Pereira, e para mim uma honra comentá-los. Ricardo já lecionou no curso de pintura e escultura diversas vezes e é um pintor, gravador e ceramista nato. Nesta oportunidade nos apresenta uma série de paisagens que inaugura uma nova linha de pesquisa em sua obra. Com satisfação vemos como a maturidade do pintor logo se apresenta, mesmo se tratando de caminhos nunca dantes trilhados – a paisagem de determinado local específico. Ricardo mantém sua singularidade, seu gosto pelas pastas e cores, sua sensibilidade para o jogo das grandes áreas e para o desenho gráfico. Depara-se com uma questão nova em sua obra, a representação do espaço, e nos oferece soluções belíssimas. De fato vale comentar alguns aspectos desta produção singular.

Como exemplo gostaria de citar um quadro que considero uma obra prima: A Árvore Anciã.



Em primeiro lugar não é de hoje que Ricardo pinta paisagens. Encontramos em sua vasta obra bosques, árvores, plantas isoladas e até mesmo paisagens de outros planetas.



Nesta versão do bosque, por exemplo, sentimos forte inspiração (ele não faz segredo disso) na obra de Dubeffet. A estas alturas (1985) percebemos já que a referência é temperada pela busca por uma plástica pictórica própria e por soluções autenticas de cor. É o pintor explorando seus meios, absorvendo o que acha interessante e cunhando seu caminho singular. O olhar apressado poderia supor que este bosque e a Árvore Anciã são variação do mesmo. Mas algo inusitado acontece nessa última fase que abre uma segunda questão.

O segundo ponto é que estas obras nasceram de uma viagem, onde o pintor se depara e encanta com uma nova paragem – Porto Seguro. Ao chegar ao local Ricardo foi logo procurar uma loja onde pudesse encontrar pelo menos papel e lápis para fazer suas anotações. O pintor sempre vê mais e melhor quando desenha as coisas. Ap retornar da viagem continuou a pensar e trabalhar isso “que pedia para ser pintado”. Na Árvore Anciã sentimos o calor do sol local. Sentimos o ar fresco no interior da grande árvore. Sentimos que a sombra é acolhedora. Sentimos o mar calmo e o céu poderoso. E como é genial a pequena árvore à esquerda. Ela é a própria copa descendo e encostando um dedinho no chão. A um só tempo equilibra e quebra a simetria que sem ela poderia se tornar excessiva, vai entender. E o caminho? Vemos os passos daqueles que querem chegar rápido na praia, deixando a terra nua nos lugares mais planos do terreno. E o vemos simultaneamente como uma linha reta, gráfica, dialogando plasticamente com os galhos da Árvore Anciã.

Ricardo não atropela o motivo com sua plástica, não está preocupado com estilo ou coisas do gênero. Poderíamos mesmo dizer que anula a si mesmo, cedendo sua visão, sua mão, sua obra e linguagem, toda sua vida e experiência ao que assim pedia para ser pintado. Numa autêntica comunhão pictórica, paisagem, pintor e pintura dialogam naturalmente, como se tais soluções plásticas fossem as únicas possíveis para pintar Porto Seguro. Há que ser ter forte temperamento, maturidade e modéstia para deixar que a paisagem se expresse através de si – assim. O simples não é nada fácil.

Marcelo Duprat
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1- Aspectos da exposição:









2- Minha esposa, professores e alunos da EBA, todos amigos presentes na inauguração:



3- Sempre vale a pena trocar impressões com o público (minha cara de satisfação):
Na próxima postagem trarei os croquis que realizei durante a viagem.

2 comentários:

Solange Belém disse...

Ricardo,
creia que a satisfação é toda nossa,por podermos contemplar obras lindas e maravilhosas! Abraços a você e sua esposa.

Sol

Ricardo A. B. Pereira disse...

Obrigado, Solange. Fico feliz pela boa receptividade a estas pinturas que, apesar de serem de um contexto bem diferente das demais, também fazem parte da minha produção e de um momento marcante na minha experiência de vida.

Um abraço.

Ricardo A. B. Pereira