Seguem as fotos dos trabalhos que realizei nas seguintes provas práticas: prova de Livre Criação, Prova de projeto de Mural com detalhe em tamanho real e prova de Pintura do Modelo Vivo.
1 - Prova de Livre Criação:
Ricardo A. B. Pereira - "Jacinto", acrílica sobre tecidos colados em compensado, 100 X 70 cm, 2014. |
Ricardo A. B. Pereira - "Os Novos Argonautas", acrílica sobre compensado, 40 X 40 cm (projeto em escala 1:10), 2014. |
Ricardo A. B. Pereira - Detalhe, acrílica sobre compensado, 70 X 80 cm (escala 1:1), 2014 |
Ricardo A. B. Pereira - "O Usurpador", pasta de cera e óleo sobre tela, 150 X 110 cm, 2014. |
Para a prova de Livre Criação me mantive dentro do tema em que venho trabalhando nos últimos anos
e criei um personagem "afro-brasileiro" ao qual dei o nome de
"Jacinto". Como os demais trabalhos da série "Gente Afro-Brasileira", este é um "tipo comum" que vive aqui no Brasil e me serviu de pretexto para trabalhar relações de
formas e cores tendo como referência a arte africana, que possui presença forte no meu trabalho. Portanto, minha intenção foi criar uma imagem que se associasse com uma das nossas raízes culturais, que fosse bem humorada, tivesse caráter expressionista e que estivesse totalmente associada ao meu trabalho como pintor e, assim, enfatizasse claramente a minha linguagem pessoal.
Para a prova de Projeto Mural, criei uma imagem para uma parede cega que foi construída no alto de uma escadaria existente no hall dos elevadores da Reitoria da UFRJ. Esta parede, surgida em decorrência de uma reforma, descaracterizou o local, porém criou um ótimo espaço para uma pintura mural. Tematicamente basei-me na lenda dos "Argonautas", pertencente à mitologia grega, mas usando-a para fazer uma alegoria à busca do conhecimento. Portanto, um casal de jovens navega no "barco do conhecimento" em busca dos novos horizontes do saber, simbolizando com isso os jovens que, entrando para a universidade, embarcam nesta aventura evolutiva (sem fim) e altamente construtiva. A geometrização das formas é inspirada na geometria do prédio da Reitoria, enquanto seu colorido contrastante e ritmado tem a intenção de atrair o olhar e dinamizar ao máximo o espaço em que a pintura seria realizada. Por fim, por seu caráter "primitivo" e "numinoso", esta imagem se associa também à ancestralidade dos povos num contexto bastante universal.
Finalmente, a pintura que fiz para a Prova de Pintura do Modelo Vivo ganhou uma caráter anedótico, bem diferente daquele que possuem as pinturas feitas no passado durante esta prova tão tradicional dentro da história da EBA/UFRJ. Isto ocorreu, em parte, devido a necessidade que tive de equilibrar o lado direito da composição, já que o ângulo de visão que me coube pelo sorteio da posição dos cavaletes me obrigou a colocar o modelo quase por inteiro no lado esquerdo do quadro. Para preencher todo aquele espaço vazio na direita da composição, "abri" uma porta para uma paisagem alienígena e coloquei um cachorro coroado na entrada dela ("Rex"), o qual observa que seu "reino" foi usurpado por um bufão embriagado que dorme tranquilamente sentado sobre ele. Para dar um ar ainda mais surrealista à cena, introduzi sombras projetadas bastante escuras em forte contraste com a luz amarela que emana do planeta e as produz. A parede violeta de fundo serve para valorizar a cor quente da pele do modelo e para criar um contraste complementar com a luz amarela que entra pela porta.As linhas vermelhas da janela, do rodapé e da porta tem, igualmente, a função de criar contraste vivo com a casinha verde e com as demais cores, tornando a imagem também atrativa por seu colorido forte. No fim das contas, esta imagem e seu tema se tornaram ambíguos, estranhos e um tanto cômicos, sendo isto algo que me agradou por serem estas características uma constante nos meus trabalhos de maneira geral.
Sempre considero que meus resultados poderiam ser melhores, e o mesmo vale para estas pinturas do concurso. Contudo, penso que elas representam bem o que é o meu trabalho, a minha linguagem, o meu temperamento e a minha personalidade. Acredito que isto, esta marca pessoal, foi um dos elementos que pesou a meu favor na avaliação dos professores da banca (além, é claro, do meu bom desempenho também nas demais provas).
Infelizmente, como o fim do concurso coincidiu com o fim do semestre, não foi possível à Comissão Organizadora realizar a exposição dos trabalhos de todos os concorrentes na Galeria Macunaíma, cujos horários já estavam ocupados com as exposições de final de curso dos alunos graduandos da Pintura. Mas quem quiser ver de perto as minhas pinturas poderá visitá-las no Museu D. João VI da EBA/UFRJ, para onde as doei em comprimento à tradição entre os que vencem os concursos para professor do curso de Pintura. Com isso, meu trabalho fica definitivamente associado à história da EBA. Agora resta-me aguardar o reinício das aulas no próximo semestre para iniciar esta nova fase na minha vida profissional. Estou muito feliz.
2 comentários:
Parabéns mais uma vez tio! Tudo foi consequência da sua dedicação e esforço durante anos! Que Deus o abençoe nessa nova etapa! Adorei a pintura dos argonautas, está lindíssima! Parabéns! Beijos. Aline
Obrigado, Aline. Forte abraço.
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