quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Xilogravuras III

10- "O melhor Amigo do Artista Contemporâneo" - xilo - 1987. O ponto de partida para esta curiosa gravura foi a foto de "Atlas", um dos vários cachorros criados por minha família. Aqui ele pode ser visto em sua versão surrealista, com escamas e rabo de peixe.

11 - "A mensagem da Arte Contemporânea" - xilogravura - 1987. Em um corpo de estátua feminina grega, acoplei uma cabeça africana com cauda de peixe e um par de tênis. O ovo voador nos traz a misteriosa mensagem...

12 - "O Êxtase do Artista Contemporâneo"- xilogravura - 1987. Uma escultura inacabada de Michelangelo serviu de ponto de partida para esta figura retorcida. A figura é estática mas a sua musculatura sob tensão parece se mover. Considero como pontos altos deste trabalho a expressão de angústia da figura e o clima de sarcasmo que emana do conjunto.

13 - "A Fonte da Arte Contemporânea"- xilogravura - 1987. Esta xilo também traz o mesmo tipo de sentimento das outras - angústia, tensão e perplexidade.


Dando prosseguimento a este tema, minhas xilogravuras, seguem trabalhos de 1987. Nestes trabalhos mudei meu processo criativo, passando a fazer minhas gravuras a partir de desenhos prévios. Contudo, a fantasia continuou solta, mudando apenas o aspecto plástico das imagens que se tornaram mais estáticas e com composições mais organizadas. Além disso, passei a trabalhar um pouco mais o claro-escuro, embora de forma muito estilizada, com sombras tão recortadas que quase se tornam formas independentes com consequente vida própria.

Tematicamente estas xilos têm um carácter crítico, pois na ocasião já começava a perceber que os meios tradicionais de arte, com os quais trabalho até hoje, já não interessavam às galerias, salões de arte e curadores de um modo geral. Neste momento passei a ter uma certa impressão de isolamento, o que me deprimia um pouco. Minha resposta e válvula de escape foram estas gravuras, um tanto cáusticas, das quais gosto sobremaneira.

Xiloravuras II

6- "Passeio na Praça" - xilogravura - 1985. Aqui o estilo deriva dos desenhos infantis e dos grafismos rupestres. Este tipo de tema e linguagem explorei concomitantemente na pintura nesta época.

7- "Stella!' - xilogravura - 1986. Mais uma de minhas fantasias eróticas misturada com meus anseios por respostas sobre os significados da vida e do universo.

8- "Surubança Opus II" - xilogravura - 1986. Puro erotismo explícito numa compsição muito movimentada e caótica. Gosto muito das figuras vazadas (brancas), contrastando com o chapado negro das demais.

9- "Arriba, Muchacho!" - xilogravura 1986. Esta é muito louca!


Prosseguindo com a xilogravura, vou postar alguns trabalhos de 1986. As composições destas xilos são complexas e movimentadas, todavia nasceram de um improviso total. Eu pintava a matriz com nanquim preto para obter mais contraste e saia desenhando direto com a goiva, sem qualquer desenho prévio de apoio. Neste processo, que lembra o "automatismo" dos surrealistas, as imagens vinham direto do meu subconsciente, sendo grande parte delas grotesca e erótica. Este tipo de exercício direto viria a ser muito útil para mim em uma série de pinturas intituladas "Sonhos Tropicais".